O início de uma ciência está na delimitação de seu objeto,
pois, no objeto é possível determinarmos os métodos mais eficazes para
exaurirmos toda as informações possíveis dele. O cristianismo sempre se
empenhou no conhecimento de Deus, de tal modo que, desde os pais da Igreja (que
desenvolveram um conhecimento mais místico, pastoral e apologético da religião
cristã) até nossos contemporâneos, fica claro nosso pressuposto de que Deus é o
objeto do estudo que, já na patrística denominou-se teologia. Contudo, foi no
século XIX que os teólogos, influenciados pela decadente filosofia moderna,
especialmente das ideias de Immanuel Kant, começaram a questionar esse
pressuposto que sendo abandonado com o tempo, resultou na decadência da própria
ciência sagrada, com o advento do liberalismo.
DEFINIÇÃO DO TERMO
O debate em torno do assunto, que
os escolásticos denominavam sujeito da disciplina, tem em vista a insatisfação
moderna com a definição etimológica e histórica da palavra teologia, os antigos
tinham por princípio aristotélico que, segundo as leis do método acurado, o uso
e o verdadeiro sentido dos termos devem antes ser explicados, pois palavras são
os tipos das coisas, devendo informar algumas coisas concernentes ao termo
“teologia” antes de sua abordagem propriamente dita[1].
A origem do termo teologia na Antiguidade pagã
Etimologicamente, a palavra é
composta pelos termos θεός (theos, Deus) e λόγος (logos,
estudo ou discurso) que juntas significam “discurso de Deus”. Ao que parece,
portanto, a teologia tem como sujeito de sua investigação, o Ser de Deus e todas
as coisas em relação a ele. O termo passou a ser usado na história do
pensamento humano para se referir a toda reflexão que tivesse a divindade como seu
objeto. De acordo com Pannemberg, o termo designa o Logos que traz
notícia a respeito da divindade em discurso e canto dos poetas (A República
379 a 5s.), neste caso, não se tratando de uma reflexão filosófica, mais uma
descrição mitológica dos gregos da antiguidade[2]. Os
pagãos da antiguidade desenvolveram as bases de suas religiões em histórias
poéticas ou contos populares que se desenvolveram no seio das comunidades de
sua nação, por exemplo, a mitologia grega que obteve forte influência do
literato Homero mostra claramente que o homem é criativo na difusão de ideias,
conceitos e enredos sobre a divindade, fragmentando-a em vários deuses,
atribuindo a eles qualidades e defeitos humanos e suas atividades no mundo. Aristóteles,
por sua vez, usa o termo para nomear a disciplina que hoje é mais conhecida
como metafísica. Turretini diz que o Filósofo divide a filosofia teórica em
três partes: física (physikên), matemática (mathêmatikên) e
teológica (theologikên)[3].
O uso do termo no cristianismo primitivo
Após a ascensão de Cristo aos
céus, os apóstolos comunicam e transmitem o ensino de Cristo, pregando o
Evangelho e seguem como testemunhas fiéis de Jesus Cristo, e já nesse período, alguns
fatores contribuíram para que os apóstolos se empenhassem na defesa do
Evangelho, os judeus que se opuseram a pregação e buscaram combater os ensinos
dos apóstolos (At 2.5-13; 4.1-4; 5.17-21; 7.54-60), o que desencadeou os
discursos de Pedro, a defesa dele e João no Sinédrio, a prisão destes e o
discurso de Estevão que causou a sua morte. Os que se convertiam ao Evangelho,
tentavam introduzir os costumes judaicos, como impô-las aos gentios (At 15.1-5)
e os apóstolos já alertavam sobre a existência de falsos mestres, crentes e
profetas (Gl 1.6-9; Fp 3.17-19; 1Tm 4.1-5; 2Pe 1-22; 1Jo2.18-26; 4.1-6; 2Jo
7-11; Jd 3-4).
A partir do século II, com a
morte dos apóstolos, os seus discípulos continuaram a resistir as heresias
presente na Igreja, mas principalmente, contrastar as doutrinas do paganismo da
época com a doutrina cristã, esses pais foram denominados de pais apologistas.
O início da teologia, no período denominado patrístico, foi efeito dos ataques
pagãos e judaicos às doutrinas cristãs, como também a existência de mestres
falsos dentro da Igreja promovendo o erro e a mentira. Com efeito, a filosofia
pagã foi a primeira opção a ser usada pelos Pais da Igreja para solidificar uma
teologia cristã e, com a influência crescente do Cristianismo pelo número de
conversões, a teologia se atrelou a filosofia grega, especialmente, a
neoplatônica. Contudo, precisa-se ressaltar que o sujeito dos discursos
patrísticos era, majoritariamente, sobre a pessoa de Cristo. Turretini dirá que
João é enfaticamente intitulado de “teólogo”, visto que ousadamente asseverou a
deidade do Verbo (tên tou logou theotêta, cf. Ap 1.2). Os demais pais
aplicaram a Gregório de Nazianzo o título de “teólogo”, visto que ele
demonstrou a divindade de Cristo em vários discursos. Por isso eles fazem certa
distinção entre teologia (theologias) e economia (oikonomias).
Com o primeiro termo designavam a doutrina da divindade de Cristo; com o
segundo, a doutrina de sua encarnação. Theologein lêsoun é, para eles, o
discurso sobre a divindade de Cristo (Eusébio, Ecclesiastical History
5.28 [FC 19:343; PG 20.512]; Basílio, o Grande, Adversus Eunomium 2 [PG
29.601]; Gregório de Nazianzo, Oration 31*.26, “On the Holy Spirit”
[NPNF2, 7:326; PG 36.161] e Oration 38*.8, “On the Theophany”
[NPNF2, 7:347; PG 36.320])[4].
AS INFLUÊNCIAS MODERNAS NA DELIMITAÇÃO DO OBEJTO DE ESTUDO DA TEOLOGIA
Todas as definições estavam, de
certo modo, sendo conduzidos pela revelação divina, que toma como pressuposto a
existência de Deus e a possibilidade de conhecê-lo. A revelação era o
sustentáculo de todo o corpo de doutrinas existentes até então, e sendo uma
ciência de natureza sobrenatural, era denominada a rainha das ciências. Com
isto, a teologia não somente tinha uma finalidade em si mesma, como também um
efeito marcante na vida dos estudantes de teologia, a saber, a piedade na qual
devemos alcançar a fim de alcançar a Deus. O teólogo reformado Johannes Alsted
em seu compêndio de teologia cristã, afirma que a teologia é a faculdade ou
doutrina que torna o homem sábio e prudente para a salvação eterna[5].
Alsted não define a ciência pelo seu objeto, mas pela sua finalidade ao
estudante, apontando claramente como que a revelação deve ser vista e
investigada. Todavia, o surgimento do Iluminismo e a rejeição ao período
escolástico configurou uma rejeição à metafísica, retirando Deus da ciência
teológica como seu centro e tornando-o um Ser como um aspecto subjetivo ao
homem religioso.
As novas bases epistemológicas da filosofia moderna
A epistemologia é um ramo
filosófico que se preocupa em estudar a origem e natureza do conhecimento. De
modo geral, o conhecimento era entendimento como a compreensão de uma realidade
criada por Deus, experimentada pelo homem inicialmente, e aos poucos, essa
mesma realidade era colocada dentro dos conceitos formais e abstratos
desenvolvidos no intelecto humano, a lógica compreendia três operações dentro
do próprio intelecto e fazia tanto da experiência quanto da razão, elementos
formais e fundamentais para o conhecimento. Enquanto o período medieval
consistia em dar a fé a devida razão de ser, conciliando-a com o intelecto
humano, o período moderno foi a época de tensão entre a razão humana e o
sentimento religioso. Essa tensão criou um dualismo entre os místicos (pietistas)
e os racionalistas (iluministas).
O iluminismo, encantado pelas
novas descobertas científicas, decidiu acreditar que toda a realidade poderia
ser entendido sem as luzes da religião, aliás, chamavam o período anterior de
“era das trevas” por colocar a religião como elemento efetivo da ciência. O
teólogo holandês Herman Bavinck explica dizendo que o iluminismo era um
movimento que, virando suas costas a todo tipo de supranaturalismo, imagina
encontrar neste mundo tudo aquilo que a ciência e religião, pensamento e vida,
podem vir a se indagar[6]. Por
outro lado, o pietismo foi uma resposta ao racionalismo iluminista presente na
Europa, enfatizando a experiência e a devoção pessoal do crente, colocando este
aspecto subjetivo como o centro de todo o conhecimento de Deus. Em suma,
podemos afirmar justamente com Michael Horton que, o pietismo e o racionalismo
conspiraram para tirar a ortodoxia de cena ao jogar a razão contra a fé, a
doutrina contra a experiência prática e a moralidade, os meios de graça
externos (a igreja e seu ministério formal da Palavra e do sacramento) contra a
vida interior do cristão individual[7].
A força que mais contribuiu para
a desconstrução da teologia sagrada foi Immanuel Kant. O primeiro obstáculo
presente na filosofia kantiana consiste na sua epistemologia fenomenológica,
onde não há uma real adequação do intelecto à coisa em si, mas apenas a
apreensão humana da coisa enquanto percebível e manifestado ao homem. Kant nega
a possibilidade de um conhecimento real das coisas, colocando todo o
conhecimento humano à mera percepção dos fenômenos externos a eles. Dado que é
transcendental toda pesquisa que não se ocupa dos objetos do conhecimento, mas
dos modos de cognição, distintos da experiência, como também afirma que as
percepções são matéria do conhecimento[8], Kant
admite que ainda que seja possível um conhecimento intelectual, toda a base
deste conhecimento está limitado à experiência sensível. O filósofo tomista
Carlos Nougué, na primeira aula de sua escola diz:
Raciocinemos, se com Duns Scot pomos a vontade acima do intelecto, da inteligência. Se com o nominalismo a nossa inteligência já não faz aquilo para que ela é feita, ou seja, descobrir não as diferenças acidentais das galinhas, mas que todas elas são galináceas, têm a essência galinácea. Se não é para isso, o que nos resta? A dúvida metódica de Descartes. Primeiro o intelecto perdeu o trono, depois perdeu a razão de ser, ele tem de duvidar metodicamente. Alguém já disse com toda a razão que não há coisa mais infernal que duvidar metodicamente. Qual é o próximo passo? (Estou abreviando muito) É Kant. Já não conhecemos as coisas em si, apenas a casca das coisas, os fenômenos. E assim vamos até o fundo do poço, o fundo do abismo que é o pensamento atual. É neste ambiente de débâcle, de declínio da escolástica que surge a chamada ciência moderna.[9]
Portanto, a visão epistemológica
de Kant já é produto de uma desconfiança da capacidade intelectual do homem de
descobrir as coisas essencialmente, mas não somente isto, pois ela não somente
é posta em dúvida como também, a partir desta desconfiança, é destronada de sua
função de conhecer as coisas, senão por aquilo que é percebido na experiência
sensível. As implicações desta decadente filosofia à teologia sagrada é
devastadora, primeiro, pois torna o conhecimento de Deus impossível e a
religião não se trata de uma relação entre Criador e criatura, mas apenas um
efeito moral sobre os religiosos. Bavinck explica dizendo que esse filósofo
chegou à conclusão de que o sobrenatural é inatingível para nós, seres humanos,
pois nossa capacidade de conhecimento é vinculada às suas formas inatas e,
portanto, limitada ao círculo da experiência[10]. Com
isto, a moralidade e o sentimento religioso tornaram-se o ponto de partida e o
objeto da teologia; os prolegômenos da filosofia religiosa cresceram em tamanho
e influência em comparação com o conteúdo da teologia[11].
Kant baseou a teologia na moralidade e, com base na liberdade moral do homem,
postulou a existência de Deus e a imortalidade[12].
A teologia liberal de Schleiermacher
O teólogo que mais recebeu
influência da filosofia kantiana que foi Friedrich Schleiermacher. Sua teologia
foi, em parte, uma tentativa de responder à crítica de Kant à religião,
aceitando, ao mesmo tempo, a limitação que ele impunha sobre a razão[13]. O
sentimento religioso é o ponto de partida da teologia, com a finalidade de
oferecer uma teologia de natureza intuitiva. E embora ele tivesse uma oposição
a filosofia iluminista, que fez com que a teologia seguisse uma proposta
deísta, Schleiermacher também afirmava que a abordagem da ortodoxia levava a
uma teologia autoritária que reprimia a criatividade humana e confundia os
dogmas da igreja sobre Deus com o próprio Deus[14]. O
foco era trabalhar as doutrinas cristãs fora dos ditames da ortodoxia e
centralizar tudo no próprio ser humano, sendo o homem a referência primaz da
teologia e, portanto, a sua experiência como o objeto do estudo teológico. Para
Schleiermacher, a essência da religião encontra-se não nas provas racionais da
existência de Deus, nos dogmas revelados de modo sobrenatural ou nos rituais e
formalidades eclesiásticos, mas num elemento fundamental, distinto e
integrativo da vida e da cultura humana[15].
Até o começo do século XIX era
quase geral a prática de começar o estudo da dogmática com a doutrina de Deus, mas
ocorreu uma mudança sob a influência de Schleiermacher, que procurou
salvaguardar o caráter científico da teologia com a introdução de um novo método[16]. Uma
vez que o ponto de partida da teologia parte da própria experiência humana,
Deus é aquilo que é desfrutado por meio do sentimento e os dogmas são
expressões subjetivas da consciência humana. Não se pode admitir uma
objetividade na teologia liberal, pois o seu princípio não é eterno, mas
temporal, não parte do criador, mas da Criatura. Consequentemente ela não
depende da autoridade divina, mas está sujeita ao coração humano.
RESGATANDO OS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA TEOLOGIA
Uma vez que se explicou as
influências do período moderna na concepção da teologia cristã, resta-nos,
diante desses sérios problemas, apontar algumas soluções, a saber: (1) Deus
como o objeto de estudo; (2) a revelação divina como fonte do estudo; (3) a piedade
como a finalidade do estudo.
Deus como objeto de estudo da teologia
Deve-se ter como objeto da teologia aquilo
cujo termo aponta para nossa investigação. Ora, a biologia não pode ser outra
coisa senão o estudo da vida e dos seres vivos, nem mesmo antropologia ter
outro objeto de estudo, senão o homem e assim por diante. Certamente pode haver
exceções, todavia, é da natureza dos estudiosos de um determinado assunto
denominar sua investigação pelo objeto em que suas pesquisas se centralizam. E
com isto, não só denominam a ciência, como também se denominam como
investigadores de um determinado assunto, sujeito, ou mais claramente, do
objeto de estudo, por isso as derivações biólogos, antropólogos e, no caso da
discussão, teólogos (ou divinos). Como diz o doutor Aquino, a doutrina sagrada,
tudo é tratado sob a razão de Deus', ou porque se trata do próprio Deus ou de
algo que a Ele se refere[17].
Deve ser, também, considerado a
necessidade humana em conhecer a Deus. A ideia de um criador é auto evidente
quando se parte do princípio de que a ordem das coisas se exige que haja um
ordenador, como também efeitos possuem causa. Uma vez que esta noção do divino
se faz presente em nós, imediatamente concluímos que se deve a este ser divino
ao menos três atitudes primordiais: a reverência, a adoração e devida
obediência. Mas de que modo isto seria possível se todo o estudo teológico
parte da subjetividade humana? Não se nega o fato de que Deus é um ser superior
e distinto de sua criação, transcendendo os limites de nosso ser e nos impõe
terror tamanha pela sua infinitude e grandeza, razão pela qual nada mais nos
vêm senão o ato de adorá-lo e engrandecê-lo, que logo, nos vemos, não por Ele,
mas pela nossa própria consciência, advertidos a obedecê-lo. Todavia esse
sentimento humano já pressupõe um conhecimento que homem possui de Deus e,
portanto, a pessoalidade desse Deus Todo-Poderoso refuta a ideia do
agnosticismo epistemológico de Kant, e consequentemente, esse efeito subjetivo
que Schleiermacher toma por ponto de partida de sua teologia, por ter um
conhecimento inato anterior como causa, não deve ser tomado como objeto de
estudo da genuína teologia cristã.
A revelação divina como fonte do estudo teológico
O que deve ser observado é que a
clareza com o qual Deus é apresentado na criação tem efeitos subjetivos na alma
humana justamente por sua corrupção, que pelo pecado, negam o conhecimento de
Deus, retiram dEle a sua glória e atribuem a criatura. Todavia, uma vez que o
conceito de divindade é muito mais superior as especulações vazias dos seres
humanos, concluímos que nenhuma religião será verdadeira se e somente se o seu
conteúdo for divinamente revelado e expressamente concordante com a natureza do
Deus que revelou. Se nós queremos conhecer Deus - pelo menos de uma maneira
salvífica - ele deve condescender em se revelar em termos que possamos entender
e aceitar pela sua graça. Portanto, essa abordagem é oposta ao racionalismo por
um lado, e ao moralismo pós-kantiano e ao misticismo, por outro[18]. A
antítese da religião verdadeira, portanto, é chamado de profanação, ou também,
superstição. Uma vez que os deuses são falsos, a adoração e reverência a eles
torna-se inútil e idólatra. A primeira, pois a direção em que é prestada a
reverência e adoração é o vazio, o nada, o inexistente, o falso, já a segunda,
pois todo esforço prestado à reverência e adoração não são dadas ao Deus
Verdadeiro, mas ao deus que criaram no coração.
Não é à toa que Schleiermacher se
viu forçado a negar o pecado original, a objetividade da religião e a própria
natureza da revelação bíblica, pois quando se afirma a pecaminosidade humana, a
existência de uma religião verdadeira e a revelação divina como fundamento
desta religião, não há espaço para a experiência humana e o sentimento como
pontos de partida da ciência teológica, embora ela exista realmente como efeito
de causas que a antecedem, não como o ponto de partido propriamente dito. Com
isto, o conceito de ortodoxia tem expressão significativa na piedade cristã,
pois nenhum sentimento será o fator definitivo se a verdade expressamente
revelada não a anteceder e gerá-la, se existe prazer mais requerido nas Escrituras
como exercício da piedade é pela Palavra de Deus, seus ensinos e mandamentos.
A piedade como finalidade do estudo teológico
O princípio propedêutico da
ciência sagrada em que somos obrigados a aderir consiste em admitir que nosso
assunto, fonte e fim é o próprio Deus, o homem acabado é o princípio da
teologia, pois ela é a ciência que ensina ao estudante “a fim de que o homem
de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda a boa obra” (2Tm
3.16). O texto aponta para três princípios: (1) o princípio da caridade, na
qual o homem age com boas obras; (2) o princípio da natureza, onde, pela Palavra,
ele é aperfeiçoado; (3) o princípio do pertencimento, onde, pelos princípios
supracitados, ele é identificado como homem de Deus. Limitado à “lei moral
interior” (a verdade universal mais certa, Kant observou), o evangelho apenas
pode ser descartado como tola superstição. Contrário às nossas intuições
distorcidas, o evangelho não incentiva a nossa conquista do céu por meio de
luta intelectual, mística e moral[19]. Os acadêmicos
são versados nas mais altas competências intelectuais do conhecimento humano,
mas o doutorado da teologia consiste na vida devota, sincera e firmada na
verdade de Deus, não intuída da subjetividade humana, mas proveniente da revelação
divina.
Não é sem motivo que o liberalismo teológico é um câncer para a Igreja de Cristo, pois ele se nega a comer o verdadeiro alimento dado por Deus, para tornar o ego humano sua própria vitamina, morrendo miseravelmente em uma religião sem Deus, pois não o conhece, nem se relaciona com Ele, pois não é pessoal, não O agrada, pois desconhece a sua vontade. Tudo isto torna-se uma realidade quando ao nos denominar teólogos, somos levados a colocar o nosso coração como ponto de partida e não o ser de Deus e suas obras.
[1]
TURRETINI, François. Compêndio de teologia apologética (Vol.1). São Paulo:
Editora Cultura Cristã, 2011 [pág. 39]
[2] PANNENBERG,
Wolfhart. Teologia Sistemática (Vol. 1). Wolfhart Pannenberg; tradução: Ilson
Kayser - Santo André; São Paulo: Editora Academia Cristã Ltda; Paulus, 2009
[pág. 25]
[3]
TURRETINI, 2011 (Vol. 1, pág.40)
[4]
TURRETINI, 2011 (Vol.1, pág. 40,41)
[5] ALSTED, Johann Heinrich. Compendium Theologicum, Exhibens
Methodum SS Theologia Octo Partibus Absolutam, & Tribus Indicibus
Instructam. Hanoviae: Sumptibus Conradi Eifridi, 1624 [pág. 2]
[6]
BAVINCK, Herman. A filosofia da revelação. Douglas Wilson, tradução
Fabrício Tavares de Moares – Brasília, DF: Editora Monergismo, 2016.
[7]
HORTON, Michael. Doutrinas da fé cristã. Michael Horton; traduzido por João
Paulo Thomaz de Aquino. São Paulo, SP: Editora Cultura Cristã, 2016 [pág. 69]
[8] KANNAGIESZER,
C. L. Compendio della storia della Filosofia. Torino, 1843 [pág. 230,
231]
[9]
NOUGUÉ, Carlos. Transcrição da Escola Tomista, aula 1. [pág. 9, 10]
[10] Bavinck,
Herman. Dogmática reformada (Vol. 1). traduzido por Vagner Barbosa. São
Paulo: Cultura Cristã, 2012
[11]
Ibid, pág. 61
[12]
Ibid, pág. 66
[13] GRENZ,
Stanley J.; OLSON, Roger E. A teologia do século 20, Deus e o mundo numa era
de transição. Cultura Cristã, 2003 [pág.48]
[14]
Ibid, pág. 49
[15]
Ibid, pág. 49
[16] BERKHOF,
Louis. Teologia Sistemática. Edição Kindle. Louis Berkhof; trad. por
Odayr Olivetti. Campinas: Luz Para o Caminho, 1990. [pág. 28]
[17] AQUINO,
Tomás. Suma Teológica. São Paulo: Loyola, 2001. (Sum. Theol. I,
q.1, art.7)
[18]
HORTON, 2016 [pág. 56]
[19] Ibid,
pág. 58